Como o tempo é intrigante, pensar no tempo nos remete a
refletir sobre a nossa própria vida, existência, voltar ao passado para
corrigir erros, imaginar o futuro sempre com idealismos e sonhos, sem perceber, nós estamos fugindo da realidade, esquecemos que sem os nossos erros jamais poderíamos crescer, eles foram fundamentais para nossa maturação, se pudéssemos voltar ao
passado provavelmente cometeríamos os mesmos erros, porque sem cometê-los não
os conheceríamos, sem conhecê-los não poderíamos afirmar que não os cometeríamos.
Estamos sempre numa perspectiva capitalista de estarmos
perdendo tempo, porque tempo é dinheiro, poderíamos estar produzindo, ou mesmo,
estar gastando nosso tempo com coisas mais agradáveis por isso reclamamos, por
exemplo, de estar numa fila de banco.
O tempo vai passando e nós nos perguntamos se está valendo a
pena, o que estamos fazendo com a nossa vida, afinal só existe uma vida; Mas
afinal, o que é o tempo.
O tempo é a contagem do movimento, com toda amplitude que
essa simples frase possa preencher, o tempo surge quando surge a matéria, uma
vez que todas as coisas estão em expansão, ou seja nós nascemos e crescemos e
também morremos, mas a vida continua, outros nascem crescem, seres vivos e
mesmo os seres inanimados contribuem para a vida como a terra, fogo, água, ar,
luz, etc. Percebemos que a terra está em movimento, esse movimento da terra em
torno de si mesma e em torno do sol nós os chamamos de tempo, dias,
subdivididos em horas, segundos, milésimos, minutos.
Este movimento garante a vida, mas também a desgasta, é este
movimento que nos envelhece, a pressão da gravidade que nos atrai para o chão
desgasta nosso corpo, a exposição a luz do sol envelhece nossa pele, chega um
momento em que nossa energia vai desgastando até que morremos, a vida é esse
instante de tempo que se traduz naquilo que nós fazemos com ela a partir das
nossas oportunidades.
Mas e se saíssemos do nosso planeta numa nave espacial, onde
a gravidade é menor, protegidos da luz do sol, nós certamente envelheceríamos bem
menos, assim como em alguns planetas o dia é diferente do dia na terra, uns
mais longos, outros mais curtos, nós planetas mais próximos do sol, os dias são
mais curtos, há mais exposição ao sol, e a gravidade certamente é diferente
dependendo do tamanho do planeta, todas essas categorias nos envelheceriam mais
rápido, ao passo que os mais distantes têm menos luz solar, dias e anos são
mais longos, talvez por lá vivêssemos mais. Seria como se pegássemos dois
irmãos gêmeos e deixássemos um na terra e outro numa nave no espaço, passados cinqüenta
anos perceberíamos os aspectos de desgaste maior naquele que ficou na terra,
uma diferença espantosa de mais de vinte anos.
Com toda essa reflexão filosófica e científica eu percebi que
na verdade o tempo não existe, como já disse ele é apenas a contagem do
movimento, passado, presente, futuro, não existem, essas categorias existem
apenas na nossa mente, não há um futuro premeditado, embora hajam
probabilidades, é possível imaginar como será a vida de uma pessoa a partir do
seu contexto, mas cada pessoa faz escolhas diferentes, podemos fugir do nosso
contexto quando quisermos, é uma questão de escolhas, eu escolho o caminho que
devo seguir.
Uma vez que percebemos a fragilidade das categorias do
tempo, o que nos resta é o eterno, o eterno que sempre existiu, sempre esteve
aí, do qual nos fazemos parte, materialmente falando, de uma maneira
passageira, mas espiritualmente falando, de uma maneira eterna, a vida possa
por mim, e eu me eternizo nela, e estou e estarei sempre presente nela, deixo
nela minhas impressões, minhas marcas, minhas escolhas, minhas características subjetivas
que são originais e autênticas, eu carrego traços do meu pai, traços
biológicos, psicológicos e espirituais, ele vive através de mim, suas experiências,
fruto de seu contexto, de sua época, fruto das experiências de seus pais,
também com seus contextos etc. somos um só sendo muitos, interligados como uma
rede, minha subjetividade sozinha é simplesmente nada, eu não nasci sozinho,
sou igual e diferente de todos ao mesmo tempo.
Diante de tantas conclusões, é hora de parar e de contemplar
o eterno que sempre esteve aí, do qual eu sou uma parte, tudo que existe ao
nosso redor esteve sempre aí, o tempo é apenas uma gotinha dentro da
eternidade, a minha vida é uma gotinha dentro da vida da qual eu sou apenas uma
parte, e quando esta energia que me anima se acabar será que minha consciência
imaterial irá se acabar também? Será que irá apenas adormecer sem poder ser usada,
mas esperando ser religada? Será que irá deixar a categoria material para
mergulhar na eternidade, ser um com o cosmos com a existência em si? Aquilo que
esteve sempre aí e que eu não percebi com minha preocupação com o tempo?
Sabe aqueles momentos em que você perde a hora, esquece do
tempo? Isso é a eternidade, quem descobre isso sabe que é feliz, o tempo passa,
os anos passam e agente nem percebe, porque não se vive no passado amargurando
erros, nem sonhando com o futuro ou tentando adivinhá-lo, simplesmente
aproveita-se o presente, deve ser por isso que se chama presente.
A Vida é agora, talvez Deus estivesse sempre aí, bem perto,
o tempo todo, criando e contemplando, lutando para arrumar na paciência da
eternidade aquilo que nós destruímos na agonia de fazer o certo quando o certo
já está feito, o desejo do meu coração hoje é parar e contemplar, acima do
tempo, acima da minha vida, além de minha própria alma, escapar a estas
condições carcerária ser livre num estado de contemplação, e assim conhecer o
eterno, a vida além da minha vida, aceitar a minha condição e assim poder ser
mais feliz por que eu sou eterno, mas como não capaz de criar tudo isso, uma
vez que estou dentro de tudo isso, quer dizer que nem sempre eu existi, mas passei
a existir num determinado momento, e acredito firmemente que o homem só morre
de verdade quando se prende a essas categorias que matam sua alma eterna,
morrer então é apenas pensar que se morre, porque há uma parte de minha
consciência que não é material, mas que se expressa na materialidade do meu
corpo, mas quando esse corpo se acaba, essa consciência não deixa de existir,
porque ela é imaterial, e não está ligada necessariamente a um princípio
material, na morte eu transcendo, minha alma resiste e eu encontro a
eternidade, por isso que contemplar é como morrer, você perde tempo parado,
pensando, olhando, e desfrutando e aproveitando das coisas sem pressa, sejam
elas materiais ou não, aproveite, isso é viver, em vida você é capaz de
descobrir a eternidade que te espera depois da morte.
Não sei ao certo porque escrevi essas coisas, só sei que
queria escrevê-las, nem preciso sabê-las, o prazer de senti-las e
compartilhá-las já me satisfaz, não quero entender, quero ser feliz!
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