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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Fé e Política - Parte II

O povo precisa aprender a fazer política honesta; e para isso é preciso criar uma cultura sadia. É preciso ensinar o povo a não vender o voto por uma cesta básica, um emprego prometido, o agrado de um candidato, etc. Muitos infelizmente votam com a barriga ou com o coração, mas não com a consciência. Esse é o problema do Brasil hoje. Os bons fogem da política e a deixam nas mãos dos maus, com exceções, é claro. Cada cristão está obrigado a esta tarefa. Martin Luther King, aquele importante pastor negro americano que liderou a luta contra o racismo nos EUA na década de 60, e que foi assassinado, dizia:“Não tenho medo dos maus, dos violentos, dos corruptos, só tenho medo do silêncio dos bons”. É interessante notar que no Brasil de hoje há passeatas de milhões a favor da homossexualidade, milhões de protestantes na Marcha por Cristo, etc., mas quando se trata de protestar contra os politiqueiros e corruptos, não se vê o povo nas ruas, nem os ágeis estudantes. Parece que tudo está dominado e silenciado de maneira planejada. Infelizmente os bons, os honestos, os que custeiam toda sorte de corrupção com os impostos que pagam, se acostumaram ao que chamo de “equipe de consolo mútuo”, onde se reúnem falam mal dos maus, mas depois voltam cada um para sua casa em nada fazer, sem nenhuma mobilização, nada. E a corrupção e os desvalores continuam a crescer.

Na exortação apostólica “Christifidelis laici” (Os fiéis leigos), após o Sínodo sobre os leigos, o Papa João Paulo deixou uma forte chamada neste sentido:

“Para animar cristãmente a ordem temporal... os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na «política», ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum. Como repetidamente afirmaram os Padres sinodais, todos e cada um têm o direito e o dever de participar na política, embora em diversidade e complementaridade de formas, níveis, funções e responsabilidades. As acusações de ambição, idolatria de poder, egoísmo e corrupção que muitas vezes são dirigidas aos homens do governo, do parlamento, da classe dominante ou partido político, bem como a opinião muito difusa de que a política é um lugar de necessário perigo moral, não justificam minimamente nem o cepticismo nem a ausência dos cristãos pela coisa pública”. Para atuar na política você não tem necessariamente que ser candidato a um cargo público, mas tem que trabalhar pela eleição de pessoas honestas que estejam dispostas a defender o povo e não para fazer “lobby” para o político que o elegeu, nem para um empresa que bancou sua campanha, nem por um sindicato que pagou sua eleição... Infelizmente é nesta lógica que são eleitos a maioria. A Igreja tem uma proposta séria e cristã para a vida política e social das nações: a Doutrina Social da Igreja, desenvolvida por todos os Papas desde Leão XIII (1878-1903). O Catecismo da Igreja traz um resumo dela a partir do parágrafo 2419. Precisamos conhecer esta proposta da Igreja e aplica-la. Paulo VI dizia que “a Igreja é perita em humanidade”. Os descaminhos do mundo (nazismo, comunismo, etc.) aconteceram porque os papas da época não foram ouvidos. São os políticos que fazem nossas leis; e se o povo brasileiro, católico em sua maioria, é obrigado a obedecer leis não católicas, é culpa dele mesmo. Também muitos católicos que vão à santa Missa e estão nos grupos de oração dão os seus votos sem consciência, sem conhecer bem em quem estão votando, e muitas vezes até dando o seu voto a quem sabe que não merece, apenas porque lhe fez um favor. Isso é vender a consciência cristã, e Deus nos pedirá contas disso. Sabemos que sempre atrás de um corrupto existe um corruptor ou alguém que aceita a corrupção. Os católicos precisam meditar nisso e ensinar seus filhos, alunos, vizinhos, amigos, etc. a votar com a consciência esclarecida diante de Deus. O católicos que desperdiça seu voto, ou o vende, trai-se a si mesmo, prejudica a sociedade e ofende a Deus. O cristão não pode criar uma redoma em torno de si mesmo e fugir da Cidade; ele não deve ter medo de sujar as suas mãos na lama da má politica. Alguém já disse que “mesmo que alguém seja obrigado a conviver com as cobras, não é obrigado a se arrastar como elas”. Ou seja, o cristão não pode criar uma redoma à sua volta, retirando-se assim dos debates e da vida da Cidade.

Sabemos sim que a política namora com o pecado e que o poder corrompe, mas exatamente por causa disso a política deve ser o terreno propício para se viver e ensinar a "pureza de coração". É no meio da corrupção, da imoralidade, que o cristão prova a sua fé. Uma vida apolítica é uma vida que não está de acordo com o cristianismo como ensinam os Papas. O cristão tem de levar os valores cristãos para os poderes públicos; ele não tem que salvar apenas a sua alma, mas também a cultura. Se abdicarmos da política hoje, amanhã nós mesmos, e especialmente nossos filhos vão chorar. O cristão não é apenas um ser espiritual, mas é também carnal, terreno, social; é um ser vive que na História, da qual Cristo é o Senhor.
Autor: Prof. Felipe Aquino
Fotos: http://www.google.com.br

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