É visível que hoje, mais
até que nos anos sessenta e setenta do século passado, há uma renovada sede de
espiritualidade e transcendência. Muitos exultam por isso. Mas, é necessário
precaução, porque a consciência dessa sede não é madura, não é correta nem bem
orientada. Fala-se abundantemente em espiritualidade, dando-se a essa palavra o
sentido de uma busca qualquer e de qualquer modo de uma experiência religiosa que alivie,
console e dê uma sensação de segurança e bem-estar.
É a reação à sociedade ocidental racionalista e
presa ao materialismo. No entanto, essa busca de espiritualidade perceptível em
nossos dias tende a ser interesseira, individualista e relativista. Uma
experiência religiosa assim não tem nada a ver com a experiência cristã, que é
abertura para o Deus que se revelou em Jesus Cristo, cheio de amor, ternura e
exigência.
Para o cristianismo, a espiritualidade é o caminho
pelo qual alguém sai do seu fechamento, do seu isolamento egoístico e abre-se
para Jesus, que nos interpela, converte, liberta e transfigura, dando-nos seus
sentimentos e atitudes de total abertura ao Pai e aos irmãos. E isto tudo na
comunidade de fé e seguimento chamada Igreja, querida, fundada e sustentada por
ele, sempre presente. A espiritualidade genuinamente cristã liberta-se de nós e
de nossa solidão, abrindo-nos em Cristo para Deus e para os outros.
Autor: Dom Henrique Soares
Autor: Dom Henrique Soares
Nenhum comentário:
Postar um comentário