A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, durante
entrevista coletiva de imprensa, na tarde desta quarta-feira, 27 de
novembro, uma nota oficial sobre Povos Indígenas e Agricultores. No
textos, os bispos se unem “à angústia dos povos indígenas e agricultores
diante da inércia do governo federal e dos respectivos governos
estaduais em solucionar verdadeira e definitivamente os crescentes
conflitos fundiários”.
De acordo com a CNBB, “o momento é
crítico e exige urgente e efetiva ação por parte do governo brasileiro
em defesa da vida, da justiça e da paz entre indígenas e agricultores no
país”.
A seguir, a íntegra da nota:
Brasília, 27 de novembro de 2013
Nota da CNBB sobre Povos Indígenas e Agricultores
Bem aventurados os mansos porque possuirão a terra (Mt 5, 5)
O Conselho Episcopal Pastoral da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil- CNBB, reunido em Brasília, se
une à angústia dos povos indígenas e agricultores diante da inércia do
governo federal e dos respectivos governos estaduais em solucionar
verdadeira e definitivamente os crescentes conflitos fundiários que
envolvem estes nossos irmãos.
Entendemos que a solução para esta
situação passa necessariamente pelo reconhecimento do direito histórico e
constitucional dos povos indígenas sobre suas terras tradicionais, bem
como, pelo reconhecimento dos títulos de terra denominados de boa fé.
Os entes federados, responsáveis pela
emissão de títulos de propriedade sobre terras da União, devem assumir a
responsabilidade pelo erro político-administrativo que cometeram e
indenizar os agricultores que adquiriram de boa fé e pagaram pela terra
onde vivem com suas famílias e formaram comunidades. Além disso, o
Estado deve indenizar os agricultores pelas benfeitorias construídas
sobre as terras e, aquelas famílias que desejarem ser reassentadas,
precisam ter esse direito devidamente respeitado, como estabelece o
decreto 1775/96, preferencialmente na mesma região.
Não é aceitável a posição assumida pelo
governo federal e pelos distintos governos estaduais neste processo.
Impedir e protelar a solução desses problemas potencializa a
insegurança, as angústias e os riscos de conflitos entre indígenas e
agricultores, ambos vítimas de um modelo equivocado de ocupação do
território brasileiro.
A Igreja e seus ministros têm
compromisso de evangelização e de pastoral com indígenas e agricultores.
Neste compromisso, se colocam a serviço da vida plena. (DGAE 106).
O momento é crítico e exige urgente e
efetiva ação por parte do governo brasileiro em defesa da vida, da
justiça e da paz entre indígenas e agricultores no país.
Que Nossa Senhora, a mãe de todos os povos, olhe por seus filhos nesse momento de dor e preocupações.
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Presidente
Central de Jornalismo da Voz do São Francisco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário